terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Terror Psicológico

Ouvi um homem comentar: "Sabe... Eu gosto da minha namorada, mas ela está meio gordinha, ela tem hipotireoidismo, então não sinto desejo por ela. Por isso eu fico com outras." Eu escuto uma coisa dessas e penso: que terror que nós mulheres vivemos todos os dias, não?

Eu ando lendo bastante sobre o feminismo, e (ainda bem!) sempre vejo tocarem na questão da beleza e da mulher como enfeite, de como isso gasta tempo e dinheiro, mas nunca vi (não quer dizer que não exista) alguém falar sobre como nós somos afetadas emocionalmente e psicologicamente por essa palhaçada toda.

A gente vive com medo. Medo de engordar, medo de os outros repararem nas nossas celulites na praia ou no nosso pneuzinho no dia a dia, medo de envelhecer, medo de ter rugas, medo de ser comparada com outras mulheres. Medo!

Porque convenhamos. A mídia nos diz o tempo todo que devemos ser lindas. Os homens nos dizem o tempo todo que devemos ser lindas. A gente passa nossos dias correndo atrás de um ideal de beleza que, desculpa dizer, mas a gente NUNCA vai alcançar. Não adianta.

E a gente vive com esse fantasma da feiura/velhice/gordura nos perseguindo, nossa auto-estima é abalada, a gente fica insegura, neurada com calorias e com rugas, nos sentindo inferiores às mulheres "perfeitas" das revistas. Viramos pessoas ciumentas, inseguras e competitivas. Olhamos para as outras mulheres com desconfiança, são uma ameaça em potencial.

E enquanto isso os homens vão levando a vida, fazendo amizades e construindo camaradagem, se divertindo descontraidamente... Enquanto a gente se mata para vencer a competição pelo bem maior das mulheres (não, não é a beleza, a beleza é só um meio): os homens.

Sinceramente... Isso não faz o menor sentido. Mas tirar isso tudo do nosso inconsciente não é lá a coisa mais simples (e rápida) do mundo não. Mas eu estou tentando...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Malhação e Contradição

Acabei de passar por três academias de ginástica pra ver se alguma me apetecia, mas não dá. O ambiente me desagrada. Além de eu achar a coisa toda sem sentido.

Eu não entendo a lógica disso. Nós criamos máquinas para não termos que cansar com as tarefas do dia-a-dia. Em vez de lavarmos roupas no tanque e ficarmos com o tríceps torneadíssimos e irmos andando para os lugares deixando nossas pernas fortes e musculosas, colocamos a tecnologia para fazer tudo isso pra gente enquanto sentamos nos nossos sofás assistindo televisão e nos entupindo de guloseimas nada saudáveis.

Aí, para corrigirmos o problema, criamos mais máquinas com a exclusiva finalidade de gastar a energia que poupamos. Vamos para um lugar onde todos levantam pesos, correm e andam em bicicletas que não saem do lugar. Andar de bicicleta poderia ser uma boa solução para o problema do transporte público nas grandes cidades. Imagina: as pessoas iriam para o trabalho, depois voltariam para casa, tudo de bicicleta. Poluição zero e de brinde um belo par de pernas e glúteos – nome chique para bumbum – duríssimos. Seria fantástico, não? Mas voltemos a realidade.

Depois de gastarmos todo o nosso suado dinheiro para suar nas academias, pagamos carérrimo por produtos dietéticos intragáveis. Podíamos muito bem poupar tanto tempo e dinheiro simplesmente deixando todas as máquinas de lado. Se bem que prefiro fazer ginástica do que arrumar cama (por que não inventaram máquina para isso ainda?).

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

As Roupas e o Corpo

Não, não vou falar de moda. Já teve até uma época que eu me interessei pelo assunto, mas já passou.

Eu gosto de roupas. Gosto de me vestir bem, de ter peças para escolher e de comprar uma roupa nova uma vez ou outra (mas pouco, não sou lá muito consumista). Não vejo o menor problema nisso. O que eu acho problemático é quando a roupa começa a nos limitar.

Eu morro de pena dos homens que trabalham de terno em dias de calor como esses de agora. Mesmo que eles trabalhem em lugar com ar condicionado, uma hora eles têm que sair da sala, nem que seja para ir embora. E pegar ônibus ou carro sem ar condicionado neste calor não deve ser das coisas mais agradáveis...

Já nós mulheres temos o privilégio de usar salto. Uma coisa assim suuuper confortável. Eu até sou acostumada, mas trabalho sentadinha, quase não me ando pela empresa. Aí fica tranquilo. Agora... Vou eu precisar ir ali no banco na hora do almoço... No calor... E de salto... Volto suada e com pés doendo. Uma delícia.

E sutiã! Eita coisa desconfortável que arrumaram para a gente. Por que foram erotizar os seios femininos? Por quê? POR QUÊ? Os homens também sentem prazer no mamilo, não? E nem por isso o mamilo deles é erotizado. Eu sinto muito prazer no pescoço e graças aos céus ninguém teve a idéia de ser de bom tom esconder os pescoços femininos (imagina o calor).

Agora os ombros... Os ombros são sexuais? Jura? Outro dia uma menina aqui da empresa estava falando que acha que "pega mal" usar roupas com ombro de fora na empresa. OMBROS! Ai ai... Vai entender. Eu lá, com muita blusa sem manga, nem aí. Eu odeio blusa com manga curta. Ou é manga cumprida (que o calor impede) ou sem manga. A manga pertinho da axila me incomoda muito, irrita meu braço, chega a deixar marca. E no calor? (ah... o calor...) Zero conforto.

Eu sou um pouco rebelde com esse negócio de roupa. Lembro que quando fazia capoeira, eu era uma das poucas meninas que já saíam de casa com o uniforme. Como ele é feio, as meninas iam quase todas arrumadinhas e trocavam de roupa chegando na academia. Umas falavam que era estranho sair na rua com a roupa de capoeira, que as pessoas olhavam... Anh? Jura? Ninguém me olhava mais por eu estar com roupa de capoeira, aliás até olhavam menos porque ela não é lá muito sexy (nosso uniforme era blusa larga branca e uma calça branca igualmente larguinha).

Mas, olhando historicamente, fico até esperançosa. As roupas já foram bem mais desconfortáveis e limitadoras. Está certo que eu não posso sair com a roupa do trabalho e ir praticar corrida, e que algumas roupas que eu tenho são incômodas e calorentas, mas é só ver filmes de época e ver os vestidos que as mulheres européias usavam (não só a realeza, as camponesas também) que eu fico até feliz. Vislumbro um futuro de mais conforto.

Pensando bem... Por que a gente não continuou como os índios brasileiros, hein? Bem mais prático (e condizente com nosso clima) andar pelado.