terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Capitalização da Corrida

Há alguns anos, para melhorar meu desempenho na capoeira, comecei a praticar corrida. Eu adoro correr. Acho o esporte mais democrático e acessível de todos. Você não precisa pagar um lugar, nem um professor. Pode ir sozinho ou acompanhado, a hora que quiser, onde quiser. Olha que liberdade... Qualquer um pode correr. É só colocar seu tênis (ou não... nem o tênis é pré-requisito) e ir pra rua correr. Simples, não?

Mas aí o negócio virou moda. E logo logo encontraram um jeito de ganhar dinheiro com corrida. Então, os ricos foram aderindo (até parece que eles iam fazer esporte de pobre). De repente, para correr "é preciso" ter um tênis de 500 reais, um monitor cardíaco de outros 500 reais (fundamental, dizem), frequentar cardiologista e nutricionista do esporte, participar de todas as corridas da Adidas, da Nike e de qualquer outra marca que resolva fazer corridas (e são muitas, viu? virou dinheiro fácil) por módicos 70 reais em média. Isso fora o ipod, o acessório para pregá-lo no braço, as garrafinhas de água, os shorts e as blusas de materiais carérrimos, os géis repositores de não sei o que.

Ah. E tem o personal runner. Quer coisa mais ridícula? Alguem pra te ensinar a correr? Como assim te ensinar a correr? A gente aprende isso lá com 2 anos de idade, não?

Bom... De repente, todo mundo da classe média (e um pouco acima) corre. E todo mundo entra fácil no esquema. Eu resisti, viu? Quase comprei o monitor cardíaco, mas cheguei à conclusão que eu consigo sentir se meu batimento está acelerado demais ou de menos. Meu coração está dentro de mim. Eu sinto ele batendo. Não preciso do aparelho para isto, certo?

Então continuo no meu esporte democrático e econômico.

3 comentários:

  1. Oba, agora consegui postar um comentário!
    Concordo totalmente, Fê. Mania que o povo tem de complicar/encarecer as coisas.
    Eu tenho uma colega de trabalho que corre maratonas e que não tem frescura nenhuma. É verdade que ela tem o reloginho com o monitor cardíaco. Mas poxa, ela corre MARATONAS.
    Beijos!

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  2. Olha a ignorância, Fê! A corrida pode causar lesões sérias. Realmente não é necessário personal e tênis de R$ 500, mas o mínimo de acompanhamento deve ser feito e um monitor cardíaco é fundamental.

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  3. Durante a minha adolescência pratiquei atletismo de competição, e vivi isso muito intensamente até entrar na universidade (e daí parei, pelas bandas de cá conciliar um curso integral com isso é quase impossível). Era outro mundo, algo do tipo que chamariam "romântico": menos recursos, sem pompa, mas com verdadeira paixão pelo esporte. Isso foi até 2001.

    Nos últimos 5 anos corrida virou moda. Aqui em Brasília tem umas "night run" e coisas do tipo que viraram grife e cobram 70 reais numa inscrição. Indecente, no mínimo. E tem todo o resto do pacote que você citou,embora eu concorde também que minha vida foi outra depois do Nimbus da Asics, rs (tenho joelhos chatos, e preciso deles por muito tempo ainda). Alguns cuidados são importantes, mas eles não precisam virar objeto de consumo.

    Mas a capitalização da coisa é evidente. Tanto que teve um candidato a deputado distrital, ligado ao atletismo local, que defendia a realização de corridas de baixo custo, bem daquelas da minha "era romântica". Pra que todos participem. Pra focar na corrida: não é o esporte o mais importante?

    Bom blog. Agora que deletei o meu, leio mais o dos outros,rs.

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